Quem acompanha o blog há um tempinho já percebeu que adoro ilustrações. Já falei aqui de Garance Doré, Filipe Jardim (que tive a super oportunidade de conhecer), de Jason Brooks, Jacqueline Bisset, Fernanda Guedes, além de artistas como Isabelle Tuchband e Beatriz Milhazes. Não é a toa. Desenho desde criança. Ganhei uma caixa de Carand’aché aos 6 anos (se soubesse que eram tão caros, não teria detonado tão rápido!). Fiz vários cursos, com técnicas diferentes, durante anos. Muitos artistas me inspiraram. Menos meus desenhos. Sempre quis ter um estilo mais solto, traços rápidos, nada perfeito. Nunca consegui. Minha mão só consegue desenhar o mais próximo do real, o mais tradicional, que considero um tanto sem graça. Por isso me frustrei muitas vezes e desisti muitas vezes. Hoje estou mais conformada. Depois de conhecer o trabalho de Garance Doré, percebi que ela também desenha reproduzindo suas (lindas) modelos como são de verdade. A diferença (e que faz toooda a diferença) é que ela usa canetinha preta em todo o desenho e só colore (em tons bem fortes) uma ou outra coisa. Ainda chego lá.
Comecei a estudar pintura aos 12 anos. Na verdade a gente só fazia reprodução na aula. Não aconselho. Mas foi crucial para eu conhecer as cores e seus sobrenomes (azul da prússia, azul cobalto, amarelo ocre, verde oliva…) e saber misturá-las. Saí do curso (depois de mais de 2 anos) e fui pro desenho, por um mes só, mas com um professor que me fez aprender mais do que um ano estudando. Fiz mais um ou outro curso, até que quis aprender giz pastel seco. E foi onde me encontrei. E foi também que comecei a fazer só rostos e fotos de editoriais de moda. O giz pastel, como o nome diz, tem a consistência de um giz (desses de lousa) mesmo. E aí, com o dedo, você vai misturando as cores e dando suavidade até que o traço feito pelo giz, desapareça. Nem sei explicar o quanto me identifico com essa técnica. Parece difícil mas não é!
Como sempre, parei depois de um tempo de ir às aulas e só fui voltar a desenhar depois de uns 5 anos. Foi no curso de moda que fiz no Senac. Foi pegar no lápis e no papel pra pensar: como pude ficar tanto tempo sem desenhar? Como consegui? E acho que foi também uma fase difícil porque não queria mais fazer do jeito que sempre fiz, que sabia fazer. Queria um desenho com estilo. E claro, foi passar as aulas de desenho que parei de novo.
Até que esse ano, com o computador pra consertar por uma semana, voltei ao giz pastel. Fiz quase um desenho por dia. Estava animada. Esses dois aí de cima, fiz no começo do ano. E fiquei feliz com o resultado. Principalmente do desenho aí embaixo.
Mas foi o computador chegar que fui deixando os lápis de lado…é que é preciso muita vontade, paciência, inspiração…Um desenho não fica pronto antes de 3 horas. Aliás, 3 horas também é o limite, mais que isso, a vontade é de jogar fora e começar de novo, de preferência outro. Além da demora de achar uma foto perfeita, aquela que você sabe que o desenho vai ficar tão lindo quanto. Adoro fazer rostos, principalmente beeem maquiados. A maquiagem dos olhos é sempre a parte mais legal de tudo. E fica sempre por último também. O mais difícil? Nariz, com certeza. Mãos, olhos, cabelo (não importa quão bagunçado estejam os fios), nada disso é tão difícil quanto o nariz. Porque ele está ali no meio do rosto, do desenho. Se fica um milímetro pra baixo ou pra cima, muda o rosto inteiro. Se as narinas ficam grandes ou pequenas demais, muda também.
Esse foi o último desenho que fiz, num domingo de bobeira. Foi até que rápido. Talvez ainda coloque um cabelo pra completar o rosto, que ficou estranho com esse fundo cinza, embora na foto esteja assim. Faz tempo que quero incorporar desenhos nos posts aqui do blog, afinal, as revistas de moda do mundo todo estão colocando cada vez mais ilustrações em suas páginas. Já até comprei a canetinha. Quero tentar algo como da Garance, que usa pouca cor – e me inspira todo dia. Talvez um dia eu venda tudo que guardei, emoldure, ou monte uma exposição (falta muiiito) ou fique no mesmo lugar que está hoje guardado. Ou quem sabe, que eu realmente leve isso a sério e faça dos papéis e dos lápis, enfim minha profissão.